
Nos meus receios, e sendo sobretudo racional, construir uma relação que evolua ao ponto de gerar pequeninas pessoas, pode demorar muito tempo, por vezes demasiado dependendo de factores como a maturidade de cada um, a independência e a situação profissional. Não basta ter trinta e cinco anos para ser maduro, há crianças grandes por todo o lado, tal como não basta ter emprego, é preciso maturidade para saber gerir um ordenado na sociedade consumista e descartável que nos educou. A independência obtém-se com um emprego que permita sair da casa dos pais, o que não é necessariamente sinónimo de maturidade porque há muito homenzinho que sai de casa dos pais para poder viver num pandemónio sem receber ordens de adultos “a sério” e poder fazer festas todos os dias, o que leva a esbanjar todo o ordenado numa semana na pior das hipóteses, tornando-se automaticamente dependente dos pais porque se acabou o dinheiro, ou de instituições de crédito. Há muita gente que vive fora da casa dos pais mas depende deles para pagar a renda ou os estudos, apesar deste ultimo grupo ter condições especiais e não se enquadrar nesta reflexão. Ora, uma criança não se faz do nada, embora haja muita gente que, quase como que por magia, dá à luz uma criança sem ter percorrido o dito caminho espinhoso e cheio de curvas, o que parece bastante prático mas duvido que seja igualmente gratificante. Uma criança deveria nascer de uma relação sólida, e uma relação sólida não se constrói, a meu ver, num ano ou dois. Em quanto tempo uma relação evolui para se tornar sólida o suficiente para poder prosseguir? E se ao fim de um ano se chega à conclusão de que se desperdiçou tempo e a relação que se construiu nesse espaço não tem pernas para andar ou precisa ser reajustada para evoluir? Recomeça-se com uma relação diferente? Recomeça-se com a mesma pessoa mas noutros moldes? E se esse recomeço também não der frutos? Quanto tempo se perde? Tudo isto conta muito quando se é mulher e tem perto de trinta anos e eu perco muito tempo a pensar nisto.